Um lugar estranho cheio de gente esquisita...
Tem coisas que a gente só faz pelos amigos, os mais queridos. Depois de uma semana pesada, estressante, louca. Sexta feira é pra dormir, relaxar, comer chocolate, fazer nada. Até porque o sábado que me espera vai ser de muito trabalho e aporrinhação. Como diria minha avozinha: ai meu Deus, quem me dera!
Nessa mesma sexta feira estou eu aqui, num lugar abafado, barulhento, o ar condicionado gelado, o normal (se é que tem alguma coisa de normal nesses locais) é a gente morrer de calor. Não dá pra conversar porque o barulho não deixa, dançar, só se for igual a do “Coisinha de Jesus” aquele, do programa Casseta e Planeta porque se você tirar um pé do chão na volta já perdeu o lugar. Sem contar que eu nem gosto de dançar, pelo menos enquanto estou sóbria. O problema é que não se consegue ficar bêbado,com o garçom que mais parece estar treinando pra Maratona de São Silvestre. É preciso correr tanto pra pegar ele que quando a gente consegue, o álcool ingerido já evaporou, aí já foi uma hora de bebedeira perdida, tem que começar tudo de novo.
Não conseguindo conversar nem ficar bêbada para dançar, tento encontrar algo pra me distrair pois além do mau humor, estou de TPM e, nesse caso atitude normal, prestes a cometer um genocídio. Confesso que dessa vez acho que me superei pois já fiz de tudo nesses lugares, tipo: dormir em pé, dormir deitada em sofá, em mesa de pedra, xingar os homens que se aproximam, entrar em banheiro masculino. Nenhuma vadiagem, só pra aliviar mesmo. A fila do banheiro feminino tá sempre enorme. Não entendo o que tanto mulher precisa fazer no banheiro. Penso que de repente pode ser um lugar estratégico para se avaliar a “vítima em situação vulnerável” já que normalmente uma fila fica ao lado da outra..
Voltando ao assunto de me superar, eis que resolvo pegar um guardanapo de papel e uma caneta na bolsa, nunca ando sem, e começo a “psicografar”, isso mesmo, porque de vez em quando baixa um “espírito de porco” em mim e haja chiqueiro pra tanta porcaria.
Na verdade o que está sendo psicografado é o relato do início da minha noite neste local.
Chegamos mais cedo, eu e duas amigas, pra conseguir mesa. Eu me recuso a passar uma hora de pé, muito menos num hospício. Faltando alguns minutos para as 10h a fila já estava quase dobrando a esquina, a faixa etária , 18 anos em média. As menininhas de saias pequenas e saltos enormes, os garotos de bermuda e tênis, estilo “tô de férias na praia”.
Eu sei que o problema é comigo mas nem isso amenizou a sensação de ser a criatura mais ridícula do mundo. Os carros passavam e buzinavam e eu sem nenhuma pretensão sequer olhava pensando que talvez fosse comigo, se bem que de longe e de costas...”no escuro todo gato é pardo”.
Tô fora! Não adianta querer “dourar a pílula” eu estou com ódio de ter saído de casa. Então por que saí? Voltando ao início, algumas coisas a gente só faz pelos amigos mais queridos. E porque eu prometi.
Um amigo, recém separado, acho que nem tão recém assim, disse que tem pra mais de 20 anos que não vai a uma boate. Como tá meio “perdido” porém muito “abierto”, resolvemos ressuscitá-lo, no bom sentido, afinal casamento não significa morte. Há controvérsias! Decidimos assim reintegrá-lo à sociedade, uma sociedade de pessoas livres, leves e loucas. Também reiniciá-lo nos ditos prazeres da carne, todos os tipos de carne: picanha, xuleta, bisteca, maminha,peito... Para dar uma ajudinha invocamos Baco o Deus do vinho. Nem foi necessária a ajuda, nosso amigo rapidinho se enturmou e daí a pouco já estava comendo, ops, bebendo vodka Absolut , cerveja Devassa, whisk 12 anos, Marguerita, Cubalibre, Hifi, porradinha.
Em determinado momento a minha esperança era de que o frio amenizasse, a música se acalmasse (rock?), os garçons diminuíssem a velocidade para eu conseguir alcançá-los e quem sabe, ficar mais bêbada. Não fiquei para ver o final, ou, na verdade, o início.
Esse foi o nobre motivo da minha corajosa aventura.
Justiça seja feita, o lugar não é estranho, nem as pessoas são esquisitas, eu é que sou louca de estar aqui.
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