Roupa Nova
A história que vou contar aconteceu a pelo menos uns cinco anos. Resolvi escrever agora porque diminui meu estresse, estou numa fase inspirada e por sugestão de uma amiga.
Estava no início de um relacionamento, naqueles primeiros encontros, no momento da sedução, da conquista. Naquela fase em que se quer impressionar o outro. Ele precisa saber o quanto sou uma pessoa interessante. Aquela era a primeira vez que eu ia ao apartamento do “ficante”. Termo usado pelos jovens para identificar um relacionamento que ainda não virou namoro, que tem chances de vir a ser ou não. Imaginem o grau de ansiedade!
Acho que toda mulher, sim porque isso é coisa de mulher, quer usar uma roupa nova quando tem um encontro. Mesmo que o sujeito não conheça nenhum dos seus modelitos e, homem geralmente está mais interessado em ver você nua do que vestida. De nossa parte o investimento é justificado pois o valor agregado não tem preço. Neste caso uma segurança que nenhuma sessão de terapia é capaz.
Voltando ao foco desse relato, tomei aquele banho caprichado, me perfumei, usei aquele creminho básico par deixar a pele macia para receber os carinhos, coloquei uma lingerie nova, claro, nem o estilo ”garota calcinha de algodão” nem o estilo “vestida para matar”. Algo apenas insinuante, até porque não conhecendo bem o rapaz não sabia se era do tipo “sexo animal” ou do tipo “sexo normal, ou mornal?” O fato é que cheguei ao apê do moço fazendo a linha fina e displicente, sem ser parecer desinteressada. Papo vai, papo vem, mão aqui, mão ali, conversinha no ouvido, risadinhas e... pronto! Não, não foi o clima que esquentou mas, sim um dos maiores micos da minha vida. Eis que o rapaz pergunta: você está de roupa nova? E eu toda saliente- palavrinha antiga! Respondo: estou, por que você gostou? E ele: não é porque está com a etiqueta. Ai meu Deus, quis que o chão se abrisse para eu entrar. Não sou do tipo que fica vermelha mas, confesso que senti o rosto queimar.
Falei que ia ao banheiro para cortar a etiqueta da roupa. Me lembrei que não era nenhum Chanel, Versache, Dolce e Cabana ou outro chique qualquer. Era uma roupinha dessas lojas que todos os preços terminam com R$ 9,90. A roupa havia custado R$ 39,90. Mas o rapaz muito gentil insistiu em tirar para mim e aí não houve escapatória, ele tirou e claro, viu o preço. Eu, como boa leonina que sou: inteligente, orgulhosa, charmosa, espirituosa, e todos os “osas” possíveis, me saí com a seguinte frase: Viu como hoje estou baratinha! Depois desse “queimão” não preciso nem contar onde o encontro terminou.