segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Roupa Nova

A história que vou contar aconteceu a pelo menos uns cinco anos. Resolvi escrever  agora porque diminui meu estresse, estou numa fase inspirada e por sugestão de uma amiga.
Estava no início de um relacionamento, naqueles primeiros encontros, no momento da sedução, da conquista. Naquela fase em que se quer impressionar o outro. Ele precisa saber o quanto sou uma pessoa interessante. Aquela era a primeira vez que eu ia ao apartamento do “ficante”. Termo usado pelos jovens para identificar um relacionamento que ainda não virou namoro, que tem chances de vir a ser ou não. Imaginem o grau de ansiedade!
Acho que toda mulher, sim porque isso é coisa de mulher, quer usar uma roupa nova quando tem um encontro. Mesmo que o sujeito não conheça nenhum dos seus modelitos e, homem geralmente está mais interessado em ver você nua do que vestida. De nossa parte o investimento é justificado pois o valor agregado não tem preço. Neste caso uma segurança que nenhuma sessão de terapia é capaz. 
Voltando ao foco desse relato, tomei aquele banho caprichado, me perfumei, usei aquele creminho básico par deixar a pele macia para receber os carinhos, coloquei uma lingerie nova, claro, nem o estilo ”garota calcinha de algodão” nem o estilo “vestida para matar”. Algo apenas insinuante, até porque não conhecendo bem o rapaz não sabia se era do tipo “sexo animal” ou do tipo “sexo normal, ou mornal?” O fato é que cheguei ao apê do moço fazendo a linha fina e displicente, sem ser parecer desinteressada. Papo vai, papo vem, mão aqui, mão ali, conversinha no ouvido, risadinhas e... pronto! Não, não foi o clima que esquentou mas, sim um dos maiores micos da minha vida.  Eis que o rapaz pergunta: você está de roupa nova? E eu toda saliente- palavrinha antiga! Respondo: estou, por que você gostou? E ele: não é porque está com a etiqueta. Ai meu Deus, quis que o chão se abrisse para eu entrar. Não sou do tipo que fica vermelha mas, confesso que senti o rosto queimar.
Falei que ia ao banheiro para cortar a etiqueta da roupa. Me lembrei  que não era nenhum Chanel,  Versache, Dolce e Cabana ou outro chique qualquer. Era uma roupinha dessas lojas que todos os preços terminam com R$ 9,90. A roupa havia custado R$ 39,90. Mas o rapaz muito gentil insistiu em tirar para mim e aí não houve escapatória, ele tirou e claro, viu o preço. Eu, como boa leonina que sou: inteligente, orgulhosa, charmosa, espirituosa, e todos os “osas” possíveis, me saí com a seguinte frase: Viu como hoje estou baratinha!  Depois desse “queimão” não preciso nem contar onde o encontro terminou.

Um lugar estranho cheio de gente esquisita

Um lugar estranho cheio de gente esquisita...
Tem coisas que a gente só faz pelos amigos, os mais queridos. Depois de uma semana pesada, estressante, louca. Sexta feira é pra dormir, relaxar, comer chocolate, fazer nada. Até porque o sábado que me espera vai ser de muito trabalho e aporrinhação. Como diria minha avozinha: ai meu Deus, quem me dera!
Nessa mesma sexta feira estou eu aqui, num lugar abafado, barulhento, o ar condicionado gelado, o normal (se é que tem alguma coisa de normal nesses locais) é a gente morrer de calor. Não dá pra conversar porque o barulho não deixa, dançar, só se for igual a do “Coisinha de Jesus” aquele, do programa  Casseta e Planeta porque se você tirar um pé do chão na volta já perdeu o lugar. Sem contar que eu nem gosto de dançar, pelo menos enquanto estou sóbria. O problema é que não se consegue ficar bêbado,com o  garçom que mais parece estar  treinando pra Maratona de São Silvestre. É preciso correr tanto pra pegar ele que quando a gente consegue, o álcool ingerido já evaporou, aí  já foi  uma hora de bebedeira perdida, tem que começar tudo de novo.
Não conseguindo conversar nem ficar bêbada para dançar, tento encontrar algo pra me distrair pois além do mau humor, estou de TPM e, nesse caso atitude  normal, prestes a cometer um genocídio. Confesso que dessa vez acho que me superei pois já fiz de tudo nesses lugares, tipo: dormir em pé, dormir deitada em sofá, em mesa de pedra, xingar os homens que se aproximam, entrar em banheiro masculino. Nenhuma vadiagem, só pra aliviar mesmo. A fila do banheiro feminino tá sempre enorme. Não entendo o que tanto mulher precisa fazer no banheiro. Penso que de repente pode ser um lugar estratégico para se avaliar a “vítima em situação vulnerável” já que normalmente uma fila fica ao lado da outra..
Voltando ao assunto de me superar, eis que resolvo pegar um guardanapo de papel e uma caneta na bolsa, nunca ando sem, e começo a “psicografar”, isso mesmo, porque de vez em quando baixa um “espírito de porco” em mim e haja chiqueiro pra tanta porcaria.
Na verdade o que está sendo psicografado é o relato do início da minha noite neste local.
Chegamos mais cedo, eu e duas amigas, pra conseguir  mesa. Eu  me recuso a passar uma hora de pé, muito menos num   hospício. Faltando alguns minutos para as 10h a fila já estava quase dobrando a esquina, a faixa etária , 18 anos em média. As menininhas de saias pequenas e saltos enormes, os garotos de bermuda e tênis, estilo “tô de férias na praia”.
 Eu sei que o problema é comigo mas nem isso amenizou a sensação de ser a criatura mais ridícula do mundo. Os carros passavam e buzinavam e eu sem nenhuma pretensão sequer olhava pensando que talvez fosse   comigo, se bem que de longe  e de costas...”no escuro todo gato é pardo”.
 Tô fora! Não adianta querer “dourar a pílula” eu estou com ódio de ter saído de casa. Então por que saí? Voltando ao início, algumas coisas a gente só faz pelos amigos mais queridos. E porque eu prometi.
Um amigo, recém separado, acho que nem tão recém assim, disse que tem pra mais de 20 anos que não vai a uma boate. Como tá meio “perdido” porém muito “abierto”, resolvemos ressuscitá-lo, no bom sentido, afinal casamento não significa morte. Há controvérsias! Decidimos assim reintegrá-lo à sociedade, uma sociedade de pessoas livres, leves e loucas. Também reiniciá-lo nos ditos prazeres da carne, todos os tipos de carne: picanha, xuleta, bisteca, maminha,peito... Para dar uma ajudinha invocamos Baco o Deus do vinho. Nem foi necessária a ajuda, nosso amigo rapidinho se enturmou e daí a pouco já estava comendo, ops, bebendo  vodka Absolut , cerveja Devassa, whisk 12 anos, Marguerita, Cubalibre, Hifi, porradinha.
Em determinado momento a minha esperança era de  que o frio amenizasse, a música  se acalmasse (rock?), os garçons  diminuíssem a velocidade para eu conseguir alcançá-los  e quem sabe, ficar mais  bêbada. Não fiquei para ver o final, ou, na verdade, o início.
Esse foi o nobre motivo da minha corajosa aventura.
Justiça seja feita, o lugar não é estranho, nem as pessoas são esquisitas, eu é que sou louca de estar aqui.