sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

É NATAL!


Tem coisa melhor que esse clima natalino que se instala logo no início do mês de outubro? Antes era em dezembro mas agora está começando cada dia mais cedo. É  tanta propaganda, promoção, liquidação, sorteio de carros e vai por aí.

Confesso,  o que me deixa de mau humor  mesmo é  a chuva incessante que faz o dia parecer noite e a cidade  um pedacinho do inferno molhado. Buzinas, batidas, motoristas xingando, dando banho nos pobres pedestres que ficam na calçada esperando pra atravessar a rua. Quem já não tomou um banho desses? A vontade é sair correndo atrás do desgraçado  mas como não é possível, a gente fica ali com cara de bobo e rogando praga, desejando que ela dê de cara com o próximo poste..

E dentro da lojas, populares, porque em loja chique isso não acontece, aquelas sombrinhas molhadas, pingando água pra todo lado, fazendo do chão um ótimo lugar pra patinar. Quando a sombrinha tá aberta é pior porque fica  acertando a cabeça da gente, tem que ficar esperto pra não furar o olho. E aquelas donas que andam com umas bolsas gigantes e quando se viram faltam te jogar no chão e nem percebem, continuam a sua maratona de compras.

Agora as musiquinhas de natal são de fazer chorar!  Me deprimem. Lembram minha infância pobre sem papai Noel (fizeram questão de me contar bem cedo que ele não existia) e sem  presentes.  Entra no shopping, musiquinha tocando, entra no supermercado, musiquinha tocando, na farmácia, lá está ela de novo, embalando os nossos sonhos de natal. O meu sonho de natal  é que ele passe logo e acabem aquelas festas infindáveis e nostálgicas que todos da família têm que participar pois é Natal. E Natal é festa de família. Aí junta todo mundo e fica ali  comendo aquela farofa ressecada, o peru da Sadia que já vem temperado, ou seja  o natal de todo mundo tem o mesmo sabor. Maionese, salpicão, arroz à Grega (pode colocar tudo: cenoura, bacon, milho, ervilha, azeitona, maçã, uva-passa e tudo mais que couber na vasilha). Ainda não sei porque deram esse nome, devia se chamar arroz de Natal. Graças à Deus a gente só come uma vez por ano. E os “champanhes”, também conhecidos como cidra,  para estourar à meia noite. Dependendo da qualidade, tá garantida a ressaca do outro dia. Pior de tudo são os próximos dias que você continua comendo aquela comida requentada. E acontece o milagre da transformação, o peru vira farofa, o arroz à grega vira bolinho, a farofa vira croquete, o salpicão com um reforço é ressuscitado. Haja imaginação!

E aquelas frutas que acho que  nascem só  no natal: ameixa, nêspera, figo, lichia, .  Pra enfeitar a mesa e depois ficar todo mundo comendo para desencargo de consciência, inclusive para tentar esquecer que comeu uma lasca daquele pernil gorduroso assado (que esqueci de citar) assado na padaria porque é tão grande que não cabe no forno de casa.

Amigo oculto, no mínimo quatro  para quem é minimamente sociável. O da empresa, dos amigos, da família e até alguns inventados recentemente, amigo de chocolate, amigo de sei lá o quê. Já tem até amigo oculto virtual, estou participando de um, é legal.  A entrega também podia ser virtual.

As lembrancinhas, ai meu Deus, todo ano eu falo: dessa vez não vou dar presente para ninguém! Mas como?  têm umas pessoas que não tem como não dar a lembrancinha  e outras você tem que retribuir, aquelas que você ganha inesperadamente e corre  para o shopping pra comprar e  retribuir. Não que eu não goste mas é que não estou podendo. E o famoso repasse! Tem gente cara de pau que aproveita o que ganhou e passa pra frente. Já ouvi falar do caso de um desatento que devolveu o presente pra pessoa que o presenteou.

No mais, o Natal é lindo, é o nascimento do Menino Jesus que veio ao mundo para nos salvar. Pena  que é só é lembrado no presépio que fica no canto da sala com as luzinhas piscando dia e noite até o dia 6 de janeiro, dia de Reis.  Aí começa uma outra  parte da história e do ano que nessas alturas já é novo. Mas sobre isso, eu volto pra falar depois.

Um Feliz e rápido Natal pra todos!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

HIPOCONDRIA


HIPOCONDRIA

Ontem minha irmã me ligou pra botar a conversa em dia, tinha pelo menos um mês que a gente não se falava. Aí ela me perguntou “e a mão melhorou”? Hã?
Não me lembro mais quando foi que minha mão deu defeito, sei que depois disso já torci o pé, tive que usar muletas que me causaram uma entorse no ombro esquerdo e que de tanto ser poupado acabou sobrecarregando o ombro direito no qual acabei tendo uma tendinite. É assim a vida de qualquer hipocondríaco que se preze. Cada dia é uma coisa, eu já tenho até vergonha de reclamar. Quando alguém me vê com cara de coitada e pergunta, você está sentindo alguma coisa, eu digo: não é “veiêra”-coisas da idade avançada.

Essa epopeia eu chamo de dor itinerante, ainda bem que cada dia ela tá num lugar. E também devo confessar que me sinto até um pouco aliviada, dizem que depois dos 40 se a gente acordar e não sentir nenhuma dor é porque tá morto. Eu sei que tem toda uma questão psicológica nessas “doenças”, tanto sei que passei minha vida inteira tentando não ser igual à minha mãe que é ”doente” desde que eu me entendo por gente.

Nos últimos 4 meses devo ter ido ao médico umas 8 vezes, 3 consultas normais e  5 PA’s (Pronto Atendimento). Primeiro foi uma infecção de garganta que virou uma sinusite e depois uma amigdalite e por fim uma alergia. Isso: alergia! Quando consegui marcar com o otorrino com o qual estou acostumada, pensei: agora ele vai fazer o exame e vai perceber o quanto o problema é sério. “Olha, seu exame está ótimo, nada que um bom antialérgico e um spray nasal não resolvam”. Saí Dalí já decidida a marcar um outro médico da minha confiança, aquele já não me servia mais.

Com sorte, marquei o outro médico  para quase um mês depois, porque agora é assim, tá pior que SUS.Os sintomas continuavam e eu sabendo de casos de Linfoma não Hodgkin e que as pessoas começaram com os mesmos sintomas . Eu tinha certeza que tava com câncer. Meu Deus nem precisava ser médico pra descobrir, eu sentia a mesma coisa que as pessoas que tinham sido diagnosticadas. Aí a cabeça começa a trabalhar: será que vou ter que fazer cirurgia, quimioterapia, radioterapia, já me imaginava careca usando perucas e turbantes, e se eu morrer?  Não, tô muito nova. Não vai ser nada, é coisa da minha cabeça doente, doente, doente, doente.

Sofrendo crises de ansiedade esperei o dia da consulta. Era o dia da verdade, o diagnóstico seria preciso. Quando entrei no consultório do médico desfiei um rosários de reclamações, disse que estava doente há 4 meses, falei dos sintomas todos, da falta de um medicamento que resolvesse. Ele me mandou deitar na maca e começou aquele exame básico, mediu a pressão, essa nunca me preocupou é ótima.Pelo menos alguma coisa tem que funcionar bem, acho que é a única! Quando começou a auscultar meu pulmão, respira, inspira, respira, inspira. Você tem sentido dor nas costas? Sabia, ele tinha achado alguma coisa, devia ser um tumor. Respondi que às vezes e ele, “é mas o pulmão tá limpinho”. Merda, que alívio!

Pode vestir a blusa e sentar na cadeira. Ele lá fazendo mil anotações, cara séria, pensei, agora vai dar o diagnóstico, deve ser outra doença grave que eu nem imaginava.”Olha, seu exame está ótimo”. Vou te passar um outro antialérgico que deve ajudar. No mais é você diminuir o ritmo de trabalho, procurar fazer as coisas que gosta, viajar, etc.etc.etc. Tudo que eu nem a maioria dos pobres mortais pode fazer. Saí de lá ARRASADA, REVOLTADA. Mais uma decepção com outro  médico em quem eu confiava tanto. Decidi não voltar mais lá. Ah! E ele só me passou um pedido de exames de sangue porque eu insisti muito.

Agora tô mais tranquila, acho que  no momento não estou com nenhuma doença grave. O negócio é continuar tomando meus remedinhos controlados para mulheres descontroladas. Tomando um analgésico aqui, um antiácido ali. Vendo o que tem de novo na indústria farmacêutica. Experimentando e trocando ideias com meus amigos que me e entendem do assunto como eu.

É importante lembrar que existem vários tipos de hipocondria. Cada um sabe do seu. Podem  me chamar de hipocondríaca e eu assumo que sou mas quando alguém precisa vem logo me perguntando, você tem um remedinho pra dor de cabeça aí?  Eu saco logo a minha “Farmapocket”, farmácia de bolso, e ofereço pelo menos três tipos de analgésicos. Que a vigilância sanitária não me ouça.

Esses foram só os episódios mais  recentes porque tenho muita história pra contar. Umas até engraçadas, pelo menos agora eu acho graça. Quem já leu a Síncope, que também está nesse blog, sabe o que pode esperar.. A próxima que vou contar é sobre a panela de pressão que explodiu e me queimou toda. Graças a Deus a história teve final feliz, ou eu não estaria aqui contando a história.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Banheiro Coletivo



Banheiro coletivo

Tem coisa pior que você entrar num banheiro e se deparar com aquele cheiro de urubu morto? Algum infeliz acabou de fazer o número 2. Para quem não sabe é uma maneira menos nojenta de dizer defecar, “bater um barro” fazer cocô , cagar. Antigamente o pessoal falava “dar um telefonema”, “passar um fax”. Com essas tecnologias ultrapassadas imagine só dizer : vou ali twitar.  O fato é que ao se deparar com a situação o autor, na maioria das vezes anônimo é xingado e excomungado. Uma alternativa se você for do tipo rapidinho é prender a respiração, se não der, respirar pela boca também pode ser uma saída. Aí quando a história muda, “um dia pedra outro dia telhado”. Você entra no banheiro bem sorrateiro e espera que ninguém te veja e dá  aquela aliviada.
Sabendo que tem gente nas “casinhas” ao lado, fica despistando com a descarga para disfarçar  aqueles barulhos característicos que denunciam o ato. Quando era aquela descarga de pressão era melhor, agora com essa descarga que sai um pouquinho só de água e nem faz barulho, perdeu-se um bom aliado. Quando dá tempo você tenta  limpar minimamente a tampa do vaso com papel higiênico. Quando tem. Porque convenhamos, cagar em pé é uma merda. Aí, depois da sujeira feita você fica ali quietinho, ouvindo o abrir e fechar de portas para aproveitar e tentar sair anônimo. Tem sempre aquele chato que fica ali na frente do espelho ajeitando o cabelo, escovando os dentes e nem aí para o fedor. Parece até que sente prazer em ficar inspirando o cheiro da cagada alheia. Você olha por baixo da porta e nada, o sujeito continua lá. Nessa altura do campeonato você já se condenou e se sair, vai logo ser denunciado. Minutos depois, que parecem horas, o infeliz vai embora, você aproveita, lava a mão depressa, se é que lava, e sai disparado. De repente dá de cara com uma pessoa  entrando e fala: alguém entrou aí e fez um estrago no banheiro, eu se fosse você procurava outro. Povo sem educação,essas coisas a gente faz em casa! Uma boa alternativa para os cagões itinerantes é ter sempre uma caixinha de fósforo em mãos. Quando começar o serviço vai riscando e deixa queimar até acabar. Não é que funciona! Só é preciso ter cuidado pra não incendiar o banheiro. Outro dia passei o maior aperto pois joguei o palito acesso na lixeira e o fogo surgiu intenso. Consegui apagar ficou um  cheiro de papel queimado e meu coração disparado por um bom tempo. Imagina se é naqueles locais que têm um sensor de incêndio no teto e qualquer fumacinha dispara o alarme e começa a jorrar água pra todo lado. No  outro dia manchete de jornal de R$0,050: “Cagão incendiário preso em Flagrante”.  

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eu e o santo

Eu e o Santo

Vou contar uma história antiga, da minha adolescência, nem tão antiga,  que me veio à mente. No mês de junho são  comemorados dias de vários santos. São João, São Pedro, Santo Antônio, esse, o personagem principal dessa  história.

Fui criada dentro dos preceitos da religião católica e por isso cresci ouvindo falar dos santos  seus talentos e  funções.  Cada um resolvendo problemas de suas áreas específicas. Como os médicos em suas especializações. O fato é que tem santo pra tudo. Santo das causas impossíveis, das causas perdidas, dos endividados e até dos encalhados. Esse, coitado, não anda dando conta de tanto pedido. É mulher desesperada pra todo lado. Todas querem encontrar um homem que seja bom, honesto, trabalhador, homem! Bonito nem precisa ser. Até porque aí já é exigir demais do santo. Se “funcionar” direitinho tá ótimo, porque ultimamente ta difícil viu!  

O fato é que Santo Antônio foi o meu escolhido por suas habilidades em juntar pessoas. Tudo bem que uma vez comprei uma imagem de santo Expedito achando que era Santo Antônio, o sujeito que me vendeu , percebendo o desespero imaginou que eu não ia mesmo notar a diferença. Só descobri depois de muitos dias fazendo novena e acendendo vela pra santo errado. Mal não fez mas, atrasou bastante minha encomenda.  Antes tivesse extraviado, igual mala em aeroporto , daquelas que a pessoa perde pra sempre. Ai que inveja!

Uma vez, resolvi acender uma vela para o santo escondido da minha mãe que vivia brigando porque eu queimava todas as velas e quando faltava luz, ficava todo mundo no escuro. Pensei em todas as possibilidades e acabei optando por acender a vela atrás da cortina do meu quarto. Não precisou mais que um ventinho para cortina voar e voltar roçando a vela. Eu acendi a vela e sai pra fazer outras coisas. Só me dei conta quando comecei a sentir o cheiro de tecido queimado. Não sobrou nada, só o trilho. Desnecessário dizer que quase fui expulsa de casa  pela minha mãe e fiquei vários dias ouvindo ela contar a história pra todo mundo e aproveitar pra me xingar mais.

O fato é que, como toda mocinha romântica, vivia pedindo ao santo um amor sincero e pra vida toda. Ser feliz para sempre. Quanta ingenuidade!  Acho que o santo não entendeu bem o meu pedido, só entendeu o para sempre  e me colocou numa fria. A partir daí cortei relações com ele e disse que só retomaríamos nossa amizade quando ele desfizesse a merda que fez. Foram 16 anos, penso que ele não fazia muita questão da nossa amizade. Tudo bem que teve uma época, quando a coisa ficava pior, como se fosse possível, eu dormia abraçada à imagem dele que tinha no meu criado. Chorava e conversava a noite toda. Assim, não aguentando mais o meu “apego “  ele, resolveu me ajudar e, com muito custo e desespero meu, desfez o mau feito.

Depois dessa longa temporada de brigas e discussões, estamos bem. Prometi a ele que enquanto me mantiver a salvo de uma nova cilada todo ano no seu dia, comemorado em 13 de junho, faço um caldeirão de canjica e distribuo  onde estiver, geralmente no trabalho,  divulgando que é em sua homenagem. As moças se fartam de tanto comer. Os homens, alguns descrentes, comem sem vacilar. Outros mais prevenidos ou traumatizados, preferem não dar moleza para o azar. É sempre uma grande festa. Continuo cumprindo minha parte no trato.

Ah! Esqueci. Também rezo um terço para reforçar a promessa. Vai que...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Piriri Gangorra

Piriri Gangorra

Diarreia (“evaquações frequentes e líquidas...”), disenteria (“inflamação do intestino e evacuações resultantes”), caganeira (igual a diarreia) e,  pra quem nunca ouviu falar, “Piriri Gangorra” (quando uma pessoa vai e volta, vai e volta do banheiro). Essa expressão é usada quando uma pessoa entra em estado de quase diluição.  Nessas horas a vontade  é poder reclamar como sempre que a “coisa tá dura”. Nesse caso, a coisa tá é  mole, quase  líquida. A pessoa passa o tempo todo , como já dito, indo e voltando do banheiro. Ás vezes não chega a completar o ciclo, quando tá voltando tem que dar meia volta e ir de novo.

Esse relato não é resultado de nenhuma pesquisa científica, é totalmente  empírico.  Uma pesquisa de observação, atuação e sensação. Tenho certeza que muitos de vocês vão se identificar e os mais sensíveis até reviver a emoção. Sem contar aqueles em que já coisa ficou crônica.  De tempos em tempos passa de novo pela aventura e emoção. Esse tipo já é quase profissional. Anda com rolo de papel higiênico no carro, lenço descartável na bolsa, comprimido de Floratil (os mais hipocondríacos) e uma boa desculpa na ponta da língua pra quando tem que sair correndo de algum lugar.

Geralmente começa assim, você tá na rua, no carro, no elevador, em qualquer lugar onde não exista um banheiro próximo. De repente sua barriga começa a fazer aqueles barulhos estranhos e uma dorzinha fina se manifesta. Num primeiro momento você não se preocupa, acha que podem ser alguns gazes pedindo passagem. Passou. Não os gases, a sensação!  Alguns instantes depois volta e aí já começa a incomodar e preocupar. Você pensa: “será que comi alguma coisa diferente, estragada que possa me ter feito mal”? Essa preocupação é logo substituída por um certo desespero pois a dor vai se intensificando e a vontade de “defecar” vai aumentando. O raciocínio é rápido, onde tem um banheiro, como chegar mais rápido e se não der tempo, vou sujar as calças, como vou embora pra casa?

Momento controle total: você respira fundo e agradece a Deus, passou. A alegria dura pouco, vem uma nova onda e dessa vez mais forte e você pensa: agora não tem jeito, vai sair, vai sair, passou. Nesse meio tempo é claro que você não está parado, já definiu o local do seu “desmanche”. Os esforços estão todos direcionados para atingir o alvo, o vaso. Pra isso é preciso  conseguir chegar a tempo. Eis que cruza o seu destino uma dama chamada “Lady Murph” , quando ela aparece, já sabe, tudo pode dar errado, e dá. O sinal não abre, não tem vaga pra estacionar, o elevador está 20º andar, entra uma velhinha na sua frente sem nenhuma pressa e querendo puxar conversa. Você tem a sensação de que o menor esforço, até para pronunciar uma palavra pode ser fatal. Você continua rezando em pensamento e concordando com a velhinha apenas com um sorriso ensaiado nos lábios para poupar qualquer esforço desnecessário.

Termina a viagem que parecia não ter fim e você procura a chave loucamente, quase arranca a porta a pontapés, já entra em casa  desembestado já tirando o sapato, a roupa, qualquer coisa que possa impedir você de chegar ao clímax. Enfim, ufa! Que sensação boa, é uma descarga acumulada e reprimida que desce água abaixo e você num momento de total falta de pudor, se desnuda (a calça já levou uma rajada mesmo) , se  solta, se liberta de tudo  que  não te pertence, se liberta daquilo que pesava, doía, te enfezava.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Exame de Fezes, quem nunca fez!

 Exame de fezes, quem nunca fez!

Preciso relatar meus sentimentos. Acredito até que isso é uma catarse. Sempre tive muitos problemas com os tais excrementos. Provavelmente, de acordo com Doutor Freud, devo ter alguma questão mal resolvida com a fase anal. Para mim fazer exame de fezes é uma situação no mínimo constrangedora e me sinto sinceramente humilhada. Toda vez que o médico pede aquela batelada de exames, fico rezando pra ele não pedir o malfadado exame. Digo que está tudo bem, o intestino é ótimo, funciona perfeitamente e, nada. Lá vem ele pedindo o exame.
Meu sofrimento começa imediatamente. Primeiro passo, providenciar o recipiente que pode ser de graça no laboratório ou comprado na farmácia. Não sei por que mas a atendente sempre pergunta “é do laboratório ou da farmácia”? Não sei se isso pode me tirar pontos na “prova do cocô”. Concluída essa parte, hora do jejum, não pelo dito cujo mas, pelo exame de sangue, ou alguém já ouviu falar em pedido só de exame de fezes? Ele vem sempre acompanhado de urina, sua parceira inseparável e daquele monte de tubinhos de sangue que vão retirando da veia da gente. Tirando os nomes esquisitos, todo mundo conhece o famoso “Hemograma”. Voltando ao jejum, é só falar que tem que fazer jejum que bate uma fome louca e descontrolada dá vontade de comer até sanduiche de jiló com catchup.

Depois da noite mal dormida por causa do estômago roncando, é a hora da incerteza: será que sai ou não sai. O negócio é sentar no vaso e tentar relaxar. Depois de algum tempo você percebe que vai rolar. Aí faz aquela força danada e sai literalmente, aquela merdinha de nada e quase cai fora do pote, até porque cú tem olho mas,  não tem mira. Feita a cagada, é hora de embrulhar pra levar ao laboratório. Tem gente que coloca naqueles pacotinhos de pão, outros em sacolinhas plásticas e os mais exibidos (porque conseguiram fazer um cocozão) levam na mão, achando a coisa mais natural do mundo andar com aquela coisa  como se fosse um troféu.
Quando entro no laboratório, meus potinhos embrulhados no pacote de pão e depois na sacolinha plástica, pra não ter perigo de derramar, está dentro da bolsa que  procuro manter longe do corpo e dos olhos (“o que os olhos veem o estômago não sente”), tento não lembrar que está ali. Tamanho é o meu desespero pra me livrar daquela “bomba” (pra mim é isso mesmo, uma bomba que pode explodir a qualquer momento, imagina o estrago, eca!!!). No elevador se tem mais gente que vai descer no laboratório saio correndo e empurrando pra ser a primeira a ser atendida.
Depois de pegar a senha, fazer a ficha que parece levar uma eternidade, espero me chamarem com aquilo ainda na bolsa. Antes a gente entregava a atendente no balcão, era bem constrangedor. Agora a gente entrega lá dentro para a pessoa que vai coletar o sangue, eles colocam etiqueta com o nome da gente pra não misturar com outras bostas. O processo é bem mais discreto mas, não menos nojento. Fico louca pra levar logo uma agulhada e mudar meu foco daquele sofrimento.Esse momento pra mim é de alívio e felicidade, é o da despedida daquilo que não me pertence mais. Estou livre, me sinto mais leve. Afinal a coisa  vai se transformar num pedacinho de papel com escritos que só o médico vai decifrar e que eu vou fazer questão de esquecer.
Só agora eu entendo aquela brincadeira que todo mundo faz quando a gente tá bem arrumada. “Aí, foi fazer exame de fezes né”? Essa é a forma que a gente encontra de demonstrar altivez e orgulho no  momento que descobrimos que na merda, todo mundo é igual.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

2 seguidores no meu blog

Quero aqui, publicamente (não sei que público) agradecer aos meus dois únicos seguidores, Jader e Ewerton. Eu não quero mesmo um bando de gente que eu nem gosto me  seguindo. Só queria vocês dois. Obrigada amigos e seguidores por fazerem uma blogueira feliz..
P:S Nem meus filhos me seguem. Tô pior  que aqueles candidatos que só  a família vota neles.
kkkkkkkk
Nem ligo.
bjs

Patropi

Patropi

Não sei se alguém se lembra de um personagem do programa do Chico Anísio chamado Patropi. Ele era um cara que sempre dizia estar se sentindo “assim, meio, sei lá, entende”?
É, tem dias que eu também me sinto assim. É uma vontade de sei lá o quê. Sei lá, entende? Acho que  de chorar, gritar, gargalhar ou só sentir. Parece um dia desses que amanhece nublado, depois, abre um lindo sol, aí nubla de novo e cai um temporal. Depois, como se nada tivesse acontecido, vem o sol de novo e ficam apenas o chão e as folhas molhadas e aquele cheirinho de terra, da poeira que baixou, da sujeira que desceu na enxurrada.. Igual quando a gente chora muito e depois fica com o olho vermelho e o nariz inchado mas, com a sensação de leveza na alma.

Acho que é assim que a gente lava as nossas mágoas também. As nossas dores e intemperanças. Haja chuva e haja lágrima pra levar e lavar tanto lixo emocional. Tanta coisa que guardamos e vamos deixando acumular dentro de nós. Ocupando um espaço que poderia estar sendo aproveitado para novos sentimentos, novas emoções, novas pessoas...

E depois, de tempos em tempos, a faxina. Essa que muitas vezes fazemos no quarto, no nosso  armário e jogamos um tanto de coisas no lixo, outras doamos e depois do espaço livre conquistado, conseguimos colocar as coisas em ordem. Organizar tudo e facilitar a vida.  Até a bagunça se instalar de novo pois, o tempo é corrido e vamos tirando as coisas do lugar sem perceber.

E começa tudo de novo, a necessidade de chuva e de lágrimas, a vontade de fazer outra faxina e a falta de coragem de começar. Ás vezes a gente pensa que não vale à pena pois, vai bagunçar tudo de novo. Mas é isso, a vida é cíclica, ainda bem! Imagino que se fosse diferente não teria  a menor graça.

O Conflito


Conflito

É fato que o mundo e as pessoas vivem em constante estado de conflito. Isso é resultado de além de muitas outras coisas, da diversidade e das diferenças de percepções e opiniões. Até aí nenhuma novidade. O fato novo ou apenas a tomada de consciência do fato é um conflito com o qual venho tendo que lidar já faz algum tempo. Um grande conflito interno. Literalmente! Agora tá na moda as pessoas falarem alguma frase e na tentativa de causar efeito fazem uma pequena pausa e completam: literalmente. Neste caso que relato o literalmente é legítimo.

O meu conflito interior que, obviamente e “literalmente” habita o interior do meu ser, diz respeito a problemas funcionais. Venho há pelo menos um ano e meio tentando tratar de uma dor no estômago que, segundo o médico, não vai me matar. Talvez me mate de raiva. Tem o refluxo também que todo mundo já deve ter ouvido falar. Tudo que se come fica parado. Ameaça voltar mas não volta. Também não te deixa esquecer o que comeu. De certa forma é até  bom para a memória. Algumas pessoas, fazendo alusão à sua fraca memória, dizem: “não me lembro nem do que comi no café da manhã!” Sobre esse sintoma minha analista diz que é porque fico retendo coisas que preciso colocar pra fora. Sei...

Já tentei todos os medicamentos, dos mais básicos aos mais atuais. Top de linha dos remédios, pelo menos no preço. Exames, os tecnologicamente mais avançados. Se existisse um programa de milhas acumuladas por endoscopias realizadas como em viagens de avião, eu já teria garantidas pelo menos mais umas 20. Mesmo assim, nada resolveu o meu problema. A dor continua e o refluxo também.

Hoje na sala de espera de uma dessas clínicas especializadas, aguardando para fazer dois novos exames, Manometria (mede a motilidade do esôfago) grosso modo serve para ver se o esôfago tá dando conta do recado ou, a exemplo de outras partes do nosso corpo, está perdendo a elasticidade, o poder de enrijecimento. Menos mal,se tiver celulite ou estria  não dá pra ver. E PHmetria (mede o PH do estômago). Neste caso aquelas pessoas que têm o “humor ácido” correm o risco de causar pane no aparelho.

Diante de tanto tempo (normal) de espera e muitas elocubrações, pensei: @#$%&*$#@¨”.
Ao entrar nessa odisseia buscando respostas para meus problemas funcionais, estou tentando achar a causa do conflito.

Por que isso é um conflito?

Porque na verdade os meus órgãos não estão se entendendo. Cada um deveria fazer o seu trabalho e tudo ficaria bem. Mas se alguma coisa não tá funcionando, pode não ser culpa do estômago ou o esôfago, pode ser que algum outro órgão malandro ou mais fraquinho não esteja dando conta do seu trabalho e sobrecarregando os outros.

 Não sei ainda de quem é a culpa, nem qual é a solução mas, fiz uma associação que me pareceu bastante  interessante. Quando um não trabalha direito o efeito vem em cadeia, todos sofrem as consequências, nesse caso, todos sou eu.

No mundo corporativo acontece de forma muito parecida. A diferença é que os órgãos do corpo humano, na maioria das vezes, não podem ser substituídos, são tratados e requalificados. Nas empresas todos podem ser substituídos. Não tá funcionando bem, então troca.

Azar o de quem não estiver “funcionando”!

14 de dezembro de 2011

Impressões de Nova York

Impressões de Nova York
Essas são as minhas impressões da “Big Apple” onde fui pela primeira vez nas férias de janeiro de 2011.

A cidade: Nova York é uma cidade que tem vida própria, independe de pessoas para existir. Até porque vejo-a como um grande cenário de filme, só que nesse filme não existem protagonistas, nem coadjuvantes, todos são figurantes. A cidade fica iluminada dia e noite e são exatamente as luzes que a fazem se destacar tanto. Faz parte da natureza dela, se é que se pode dizer isso, com exceção do Central Park, ali existe natureza. Em janeiro algumas luzes de natal ainda se encontram por lá, perdidas em meio a tantas outras mais brilhantes.
Banheiro: fiquei surpresa e desesperada, Nova York não tem banheiro! Eu que sou a pessoa mais mijona do mundo passei muitos apuros. Depois descobri que onde tivesse um MacDonalds ou Starbucks eu estaria salva. Resultado, sai de lá conhecendo todos os endereços destes dois estabelecimentos.
As pessoas: Ah! as pessoas também não são muito educadas, vendedores então nem se fala, parece que estão fazendo o favor de te atender. Será que não precisam de dinheiro?
 O único sinal de educação é que eles pedem desculpas só de pensar em esbarrar em você, sorry, sorry, excuse-me. Acho que é mais por medo de esbarrar na gente e ser contaminado pelo nosso bom humor.
A Comida: Eu nunca vi um povo para comer tanto. Muita carne, salsicha, bacon, tudo muito engordurada muita gordura.  Sanduiches, pizza, sopas, saladas (sempre com muita carne, presunto, queijo e molhos, muito , muito molho.) A salada deles não é  para fazer dieta. Apesar dessa fartura, confesso que passei um pouco de fome. Queria mesmo era um bom prato de arroz com feijão. Não existem muitas frutas nem o hábito de comê-las, eu acho. Uma banana custa 1 dolar! Só comi uma durante os 7 dias que passei lá. Pareciam de plástico tamanha a semelhança entre elas, todas amarelinhas, do mesmo tamanho e dispostas cuidadosamente lado a lado.

O trânsito: nunca vi um povo pra gostar tanto de buzina.  Pra dirigir eles parecem só usar as  mãos que devem ser coladas à buzina. Dificilmente xingam mas, a buzina consegue ser muito mais irritante e eficaz..
Os americanos: os mais legais que conheci são brasileiros. Todos que encontrei morando lá tratam a gente como parentes, amigos íntimos. Acho que é a saudade de casa e do nosso jeito caloroso que abraça, aperta, beija, ri de tudo. Eles, os americanos, não olham as pessoas nas ruas , não se encaram, não observam nada nem ninguém, passam pela gente como se fossemos meros obstáculos a serem transpostos no seu percurso, seja lá pra onde eles estejam indo, parece que estão sempre com pressa.
Os taxis: aqueles famosos taxis amarelos das cenas de filme quando as pessoas estão debaixo de chuva ou neve e não conseguem pegar um? Na vida real é igualzinho. Choveu, nevou, deu a hora do rush. Pegar taxi, nem pensar! Passei por isso num domingo a tarde, depois de muitas compras e mil sacolas pesadas. Domingo a cidade fica cheia como nos dias de semana, a diferença é que os adultos estão ali  acompanhados de suas  crianças em seus momentos de lazer.
As lojas: essas merecem uma atenção especial, a gente passa na porta e elas parecem nos chamar, é tanta coisa linda, colorida e, o que é mais atraente: de marca. Aquelas que você nunca imaginou poder usar na vida e vê que apesar de ser em dólar, é “muito barato”. Você nem pensa em fazer a conversão e pensa assim: não posso perder essa oportunidade, vir a Nova York e não levar aquele perfume maravilhoso, o sapato, a maquiagem, tudo! E o que é mais tentador, acho que elas nunca fecham. Elas não fecham e a carteira da gente também não. E não cessa aquele  barulhinho do cartão de crédito sendo passado e aprovado. Aprovado não sei até quando.

O retorno: apesar de tudo ou por  tudo isso, a gente já sai de lá com vontade de voltar.
Ai que saudades de Nova York!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Roupa Nova

A história que vou contar aconteceu a pelo menos uns cinco anos. Resolvi escrever  agora porque diminui meu estresse, estou numa fase inspirada e por sugestão de uma amiga.
Estava no início de um relacionamento, naqueles primeiros encontros, no momento da sedução, da conquista. Naquela fase em que se quer impressionar o outro. Ele precisa saber o quanto sou uma pessoa interessante. Aquela era a primeira vez que eu ia ao apartamento do “ficante”. Termo usado pelos jovens para identificar um relacionamento que ainda não virou namoro, que tem chances de vir a ser ou não. Imaginem o grau de ansiedade!
Acho que toda mulher, sim porque isso é coisa de mulher, quer usar uma roupa nova quando tem um encontro. Mesmo que o sujeito não conheça nenhum dos seus modelitos e, homem geralmente está mais interessado em ver você nua do que vestida. De nossa parte o investimento é justificado pois o valor agregado não tem preço. Neste caso uma segurança que nenhuma sessão de terapia é capaz. 
Voltando ao foco desse relato, tomei aquele banho caprichado, me perfumei, usei aquele creminho básico par deixar a pele macia para receber os carinhos, coloquei uma lingerie nova, claro, nem o estilo ”garota calcinha de algodão” nem o estilo “vestida para matar”. Algo apenas insinuante, até porque não conhecendo bem o rapaz não sabia se era do tipo “sexo animal” ou do tipo “sexo normal, ou mornal?” O fato é que cheguei ao apê do moço fazendo a linha fina e displicente, sem ser parecer desinteressada. Papo vai, papo vem, mão aqui, mão ali, conversinha no ouvido, risadinhas e... pronto! Não, não foi o clima que esquentou mas, sim um dos maiores micos da minha vida.  Eis que o rapaz pergunta: você está de roupa nova? E eu toda saliente- palavrinha antiga! Respondo: estou, por que você gostou? E ele: não é porque está com a etiqueta. Ai meu Deus, quis que o chão se abrisse para eu entrar. Não sou do tipo que fica vermelha mas, confesso que senti o rosto queimar.
Falei que ia ao banheiro para cortar a etiqueta da roupa. Me lembrei  que não era nenhum Chanel,  Versache, Dolce e Cabana ou outro chique qualquer. Era uma roupinha dessas lojas que todos os preços terminam com R$ 9,90. A roupa havia custado R$ 39,90. Mas o rapaz muito gentil insistiu em tirar para mim e aí não houve escapatória, ele tirou e claro, viu o preço. Eu, como boa leonina que sou: inteligente, orgulhosa, charmosa, espirituosa, e todos os “osas” possíveis, me saí com a seguinte frase: Viu como hoje estou baratinha!  Depois desse “queimão” não preciso nem contar onde o encontro terminou.

Um lugar estranho cheio de gente esquisita

Um lugar estranho cheio de gente esquisita...
Tem coisas que a gente só faz pelos amigos, os mais queridos. Depois de uma semana pesada, estressante, louca. Sexta feira é pra dormir, relaxar, comer chocolate, fazer nada. Até porque o sábado que me espera vai ser de muito trabalho e aporrinhação. Como diria minha avozinha: ai meu Deus, quem me dera!
Nessa mesma sexta feira estou eu aqui, num lugar abafado, barulhento, o ar condicionado gelado, o normal (se é que tem alguma coisa de normal nesses locais) é a gente morrer de calor. Não dá pra conversar porque o barulho não deixa, dançar, só se for igual a do “Coisinha de Jesus” aquele, do programa  Casseta e Planeta porque se você tirar um pé do chão na volta já perdeu o lugar. Sem contar que eu nem gosto de dançar, pelo menos enquanto estou sóbria. O problema é que não se consegue ficar bêbado,com o  garçom que mais parece estar  treinando pra Maratona de São Silvestre. É preciso correr tanto pra pegar ele que quando a gente consegue, o álcool ingerido já evaporou, aí  já foi  uma hora de bebedeira perdida, tem que começar tudo de novo.
Não conseguindo conversar nem ficar bêbada para dançar, tento encontrar algo pra me distrair pois além do mau humor, estou de TPM e, nesse caso atitude  normal, prestes a cometer um genocídio. Confesso que dessa vez acho que me superei pois já fiz de tudo nesses lugares, tipo: dormir em pé, dormir deitada em sofá, em mesa de pedra, xingar os homens que se aproximam, entrar em banheiro masculino. Nenhuma vadiagem, só pra aliviar mesmo. A fila do banheiro feminino tá sempre enorme. Não entendo o que tanto mulher precisa fazer no banheiro. Penso que de repente pode ser um lugar estratégico para se avaliar a “vítima em situação vulnerável” já que normalmente uma fila fica ao lado da outra..
Voltando ao assunto de me superar, eis que resolvo pegar um guardanapo de papel e uma caneta na bolsa, nunca ando sem, e começo a “psicografar”, isso mesmo, porque de vez em quando baixa um “espírito de porco” em mim e haja chiqueiro pra tanta porcaria.
Na verdade o que está sendo psicografado é o relato do início da minha noite neste local.
Chegamos mais cedo, eu e duas amigas, pra conseguir  mesa. Eu  me recuso a passar uma hora de pé, muito menos num   hospício. Faltando alguns minutos para as 10h a fila já estava quase dobrando a esquina, a faixa etária , 18 anos em média. As menininhas de saias pequenas e saltos enormes, os garotos de bermuda e tênis, estilo “tô de férias na praia”.
 Eu sei que o problema é comigo mas nem isso amenizou a sensação de ser a criatura mais ridícula do mundo. Os carros passavam e buzinavam e eu sem nenhuma pretensão sequer olhava pensando que talvez fosse   comigo, se bem que de longe  e de costas...”no escuro todo gato é pardo”.
 Tô fora! Não adianta querer “dourar a pílula” eu estou com ódio de ter saído de casa. Então por que saí? Voltando ao início, algumas coisas a gente só faz pelos amigos mais queridos. E porque eu prometi.
Um amigo, recém separado, acho que nem tão recém assim, disse que tem pra mais de 20 anos que não vai a uma boate. Como tá meio “perdido” porém muito “abierto”, resolvemos ressuscitá-lo, no bom sentido, afinal casamento não significa morte. Há controvérsias! Decidimos assim reintegrá-lo à sociedade, uma sociedade de pessoas livres, leves e loucas. Também reiniciá-lo nos ditos prazeres da carne, todos os tipos de carne: picanha, xuleta, bisteca, maminha,peito... Para dar uma ajudinha invocamos Baco o Deus do vinho. Nem foi necessária a ajuda, nosso amigo rapidinho se enturmou e daí a pouco já estava comendo, ops, bebendo  vodka Absolut , cerveja Devassa, whisk 12 anos, Marguerita, Cubalibre, Hifi, porradinha.
Em determinado momento a minha esperança era de  que o frio amenizasse, a música  se acalmasse (rock?), os garçons  diminuíssem a velocidade para eu conseguir alcançá-los  e quem sabe, ficar mais  bêbada. Não fiquei para ver o final, ou, na verdade, o início.
Esse foi o nobre motivo da minha corajosa aventura.
Justiça seja feita, o lugar não é estranho, nem as pessoas são esquisitas, eu é que sou louca de estar aqui.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Doer dói mas...parte 2

Doer dói,mas....parte 2
Não pretendia falar mais sobre esse assunto, pelo menos enquanto não chegam mais novidades no mercado mas as circunstâncias me inspiraram e eu tenho que relatar. Até por uma questão de lealdade às minhas amigas e fiéis leitoras, usuárias e possíveis, das substâncias (parece que estou falando de droga, se bem que, não deixa de ser). A boa e já minha velha (no caso, ela) conhecida Toxina Botulímica, o Botox, com a qual já tenho uma relação de quase ou total dependência.
 Lá fui eu feliz e animada para mais uma sessão de pequenas picadinhas de uma mínima agulhinha que causa só uma dorzinha. Pelo menos até antes desta última aplicação. Talvez por uma questão de intuição botulímica, ato falho, feminina, resolvi passar aquela pomadinha da qual já falei e que, eu pensava , agora tenho certeza, só tem efeito psicológico, se é que tem algum.
Hora marcada, consultório tranquilo, é porque consultório de médico que cuida destas questões de sobrevivência é muito organizado. O horário é respeitado, dificilmente a gente encontra mais de uma ou duas pessoas saindo ou esperando para ser atendida. Acho que é para não impressionar porque já vi umas colegas saindo bem amarrotadas. Tudo bem que a gente sabe que depois vai ficar melhor mas deve ser pra não causar impacto. 
Bom, vamos ao fato. Entrei no consultório, fui recebida pelo simpático médico como sempre, com beijinhos e conversa amena. A anamnese, aquelas perguntas que o médico faz pra tentar identificar o problema, nesse caso são bem diferentes, até porque o problema está na cara, literalmente.
Fomos ao procedimento que é feito em uma cadeira, tipo de dentista, a diferença é que na do dentista  a gente senta e ela deita, na do médico a gente deita e ela sobe, só as pernas. Seringa pronta com o produto, desinfecção do local com álcool, tudo muito profissional. Eu tranquila por já saber como tudo funciona, eis que surge a novidade. “Faz cara de quem tá cheirando”, ridículo mas,fiz. “Você está com a Marquinha do Coelho”!  Hã?  Marquinha do Coelho, rapidamente tive um flash e me lembrei do “Arco do Cupido”. Pensei, lá vem bomba! Explicação: a Marca do Coelho é aquela ruguinha que aparece no nariz, bem próximo aos olhos, quando a gente cheira algo. Quem ainda não tem não se preocupe, um dia vai ter. Faça o teste na frente do espelho. Esse teste não é recomendado para pessoas impressionáveis ou neuróticas como eu.
Aí vem a parte dolorosa, dolorida, sofrida. “Vamos dar uma picadinha de cada lado e vai ficar ótimo”! Imaginem uma injeção no nariz! Pior, na parte mais fina, parece que só tem osso. Pensei que a agulha fosse atravessar de um lado para o outro. Acho que só não aconteceu porque a agulha é bem pequena,1 centímetro mais ou menos, e meu nariz é um “pouquinho largo”, graças à herança genética de uma avó negra. Resultado: saí do consultório com a sensação de estar com um nariz de palhaço, vermelho e redondo. Mas aí, veio o pensamento que me motiva e consola: amanhã vou estar linda! E, claro, pensei: a partir de agora vou prestar mais atenção antes de sair por aí cheirando qualquer coisa.

Doer dói mas...

Doer dói mas...
Teve um tempo que no popular se dizia: de graça, até injeção na testa. Bons tempos aqueles porque hoje uma injeção na testa, bem aplicada, custa no mínimo  R$300,00. Claro que não é qualquer injeção, dentro dela  vai um produto chamado Toxina Botulímica, mais conhecido como BOTOX (injusto não dar um destaque a esse que, literalmente nos salta aos olhos). Alegria da mulherada de 30, 40, 50  e, de muito marmanjo também. Quase ninguém assume que fez! Para estes procedimentos já existem outras variações de produtos e locais. Em volta  dos olhos, na testa e no famoso “Bigodinho Chinês”. Aquele vinco que vai se formando ao redor da boca e deixa a gente com cara de boneco de ventríloquo. Neste local, o produto deve ser outro. Em função de uma maior movimentação pra mastigar, pra falar, pra sorrir, beijar e outras gostosuras da vida, deve ser aplicado o “Ácido Hialurónico”, este, bem mais caro, por baixo uns R$700,00 porém, de  efeito prolongado.  Todos estes recursos e outros mais nos fazem um bem danado. É como se estivéssemos enganando o tempo e, principalmente as pessoas. Tudo por uma carinha mais esticadinha com pele de menininha. Quem não quiser enfraquecer a amizade  não questione quando aquela sua amiga que nasceu um ano antes de você  disser que, inacreditavelmente,  está com 38 anos  e você  com os seu honestos 40 e poucos. Também não precisa ser tão honesta! Depois de toda essa apologia às substâncias e procedimentos rejuvenescedores é preciso uma boa dose de realismo. Falando assim parece bem simples, e é.  Simples porém, DOLOROSO! Pensa na maior dor que você já sentiu na vida e multiplique por quantas vezes  a sua memória suportar. É isso, mesmo com pomadinha anestésica de efeito muito mais psicológico que físico, a dor é do mal. Conforme a agulha vai entrando você vai se contorcendo, se esticando, perdendo a compostura e qualquer traço de dignidade que restar.  Numa dessas minhas incursões ao mundo da busca pela eterna juventude o médico falou que ia aproveitar a sobra da minha ampola, ela fica guardada na geladeira com o nome da gente e tudo. Parece coisa da medicina moderna tipo banco de sémen, banco de óvulo, banco de embrião, nesse caso nem sei banco de quê. O fato é que o doutor resolveu aplicar a sobra no lugar que ele chamou de “Arco do Cupido” (aquela curvinha que tem acima do lábio superior). Esse doeu mais que todos os outros que já experimentei. Não sei se a memória tá curta mas, não me lembro de uma dor tão, sei lá, tão doída.. Aí falei com ele, isso não é o Arco do Cupido, é o “Arco da Capeta”, porque vai doer assim lá no meio do inferno!
Bom,dizer que não dói, mentira. Doer dói mas, vale pelo  sorriso que fica estampado no rosto da gente, ele é constante, compensa a dor. É um sorriso permanente sabe, um sorriso fixo. Não de alegria, porque ninguém consegue ficar alegre o tempo todo.  Um sorriso que só se desfaz quando o  Botox vai acabando  e aí é hora de começar tudo de novo.  Doer dói mas...

Injeção na bunda dói mais!

Na bunda dói mais!
 
Acho que devia ter uns 4 ou 5 anos a última vez que tomei  injeção na bunda. Que sensação horrível meu Deus!  Hoje eu revivi essa experiência traumatizante que achava ser coisa de criança. Primeiro devo esclarecer que não foi nenhuma escolha masoquista. Tinha que tomar três vacinas com uma certa urgência, o  que proporcionou a narrativa desse episódio nada romântico.
 
Na clínica, depois de passar por uns quatro lugares diferentes antes de chegar onde deveria, sentei e fiquei aguardando chamarem o número da minha senha. Em frente ao local onde eu aguardava era a sala da  vacinação infantil. Um pouco tensa, apesar de não ter nenhum problema com agulhas. Quem leu a última crônica sabe do que estou falando. Era criança chorando de todo  jeito. Chorinho de bebê, chorinho de criança, choro de menino grande, gritos, urros e pedidos de socorro, além daqueles que esperneavam tentando fugir. Que coisa irritante! Será que neles dói mais que na gente?
 
A mocinha me chamou, número 38, e sorridente me perguntou qual vacina eu tomaria. Quando expliquei  que eram três porque eu havia perdido meu cartão, ela  puxou minha orelha e disse: “não faça isso de novo, veja se não perde esse porque não é bom ficar acumulando vacinas” apesar da curiosidade em saber quais seriam os efeitos colaterais, conhecendo bem a hipocondríaca que habita meu ser, preferi não perguntar.
 
Me senti como uma criança sendo repreendida e, foi nesse momento que ela ressurgiu, a minha criança. A moça abriu a geladeira e foi pegando as vacinas uma a uma. “Essa no braço esquerdo, essa no braço direito e essa no glúteo”. No glúteo. Glúteo? Na bunda? Perguntei desnecessariamente.  Nesse momento me veio à memória aquela sensação conhecida do algodão geladinho molhado no álcool, da agulha fina enfiando na carne e a voz ecoando em meus ouvidos, “não vai doer nada  é só uma picadinha de formiga”.  Sei, me lembro bem. Se fosse contar quantas picadinhas de formiga levei na bunda,  com certeza teria passado parte da minha infância morando num formigueiro.
 
Finda a emoção, saí da clínica e entrei no carro muito lentamente, coisa nada comum no meu modo estabanado de ser, atitude essa  em deferência ao meu querido glúteo já dolorido. Comecei a pensar, por que nos braços não tive medo, nem senti dor? Tudo bem que algumas vacinas doem mais que as outras, no entanto o que sentimento foi de pânico.
 
Buscando memórias da infância e associando a alguns acontecimentos atuais, cheguei à seguinte conclusão, ou como dizem os psicanalistas, consegui elaborar. A injeção na bunda dói mais porque a gente não vê, parodiando e contradizendo o ditado “o que os olhos não vêem, a bunda sente”. Este é o cerne da questão: à espera do desconhecido, imaginamos algo monstruoso, demoníaco, insuportável.
 
Continuei elaborando. O choro que antecede a dor é na verdade a preparação para o sofrimento. Fazemos muito isso. Sofremos antes, durante depois da dor. Sofremos por antecipação. Será essa a origem de tanto sofrimento desnecessário? O medo de sofrer nos faz sofrer.
 
Voltando ao assunto, é por isso que injeção na bunda dói mais que no braço, porque quando a gente é criança tem medo de tudo,até de injeção.Quando a gente é grande não toma injeção na bunda e nossos medos são outros, de fantasmas, monstros, pessoas, nós mesmos...