sexta-feira, 15 de outubro de 2021

 APLICATIVOS

Só pra retomar nossas conversas. Onze anos depois, cá estou eu tentando retomar minha vida de "Blogueira",o conceito agora é outro, Blogueiras são as pessoas que se destacam no Instagram, têm milhares de seguidores, vendem produtos e imagem, mas então deviam se chamar "Instagreiras". Bora lá falar dos aplicativos.

As pessoas que habitam esse planeta sabem o que são os aplicativos de transporte de humanos e outros. O que vou falar mesmo é sobre minhas experiências/aventuras nesse tipo de transporte que tenho usado com muito frequência.

É cada situação hilária e até  mesmo dramática. Ontem mesmo embarquei num carro em que o motorista não sabia distinguir esquerda e direita. Imagine um motorista de aplicativo tentando chegar a um lugar em que o GPS - essa peste que vive enlouquecido, calculando rotas desvairadas e mandando a gente dar voltas enormes para chegar nos lugares. Continuando com o motorista, manda virar a 1ª à esquerda, vira à direita e aí a loucura começa. Recalcula rota daqui e dali, atraso de pelo menos 10 minutos. Enfim consegui chegar, mas quase sentei no banco do carona pra ir sinalizando com a mão pra ajudar. Ao estacionar, ele disse, era esquerda né? Só que ele estava parado do lado direito!

Teve um que ficava acelerando em todas os semáforos, ele disse que não podia parar , ou o carro morria e tinha que empurrar pra funcionar de novo.

E quando você entra e eles já vão logo empreendendo um diálogo animado sobre a família e seus problemas. A gente querendo aproveitar pra ver  e responder as mensagens de whatsapp, novos posts nas redes sociais e ele falando, falando. Aí, eu que  sou bastante paciente, vou "respondendo" aham, pois é, nossa é mesmo, que legal...

Outro dia fui entrar no carro e motorista me mandou dar a volta, pois aquela porta não estava abrindo!

Hoje entrei num carro e ao fechar a porta, a primeira coisa que vi foi uma plaquinha onde se lia "Favor não bater a porta. Carro novo, ano 2018/2019(Assim). Não entendi esse "Assim". Pedi desculpas ao motorista, mesmo não achando que bati a porta. Depois me dei conta de que havia outras plaquinhas iguais no carro, pelo menos umas três. Aí comecei a ficar paranoica pensando em como ia descer do carro sem bater a porta. Na hora de descer falei com o motorista, pode ficar tranquilo que não vou bater a porta, ele deu uma risadinha, tipo, acho bom que não. assim que desci, vi que tinha um adesivo na porta escrito, "Favor não bater a porta". Pirei e falei com o motorista, muito obrigada e bom trabalho. O senhor pode fechar a porta pra mim? Não fechei e nem  esperei pra saber a resposta. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

É NATAL!


Tem coisa melhor que esse clima natalino que se instala logo no início do mês de outubro? Antes era em dezembro mas agora está começando cada dia mais cedo. É  tanta propaganda, promoção, liquidação, sorteio de carros e vai por aí.

Confesso,  o que me deixa de mau humor  mesmo é  a chuva incessante que faz o dia parecer noite e a cidade  um pedacinho do inferno molhado. Buzinas, batidas, motoristas xingando, dando banho nos pobres pedestres que ficam na calçada esperando pra atravessar a rua. Quem já não tomou um banho desses? A vontade é sair correndo atrás do desgraçado  mas como não é possível, a gente fica ali com cara de bobo e rogando praga, desejando que ela dê de cara com o próximo poste..

E dentro da lojas, populares, porque em loja chique isso não acontece, aquelas sombrinhas molhadas, pingando água pra todo lado, fazendo do chão um ótimo lugar pra patinar. Quando a sombrinha tá aberta é pior porque fica  acertando a cabeça da gente, tem que ficar esperto pra não furar o olho. E aquelas donas que andam com umas bolsas gigantes e quando se viram faltam te jogar no chão e nem percebem, continuam a sua maratona de compras.

Agora as musiquinhas de natal são de fazer chorar!  Me deprimem. Lembram minha infância pobre sem papai Noel (fizeram questão de me contar bem cedo que ele não existia) e sem  presentes.  Entra no shopping, musiquinha tocando, entra no supermercado, musiquinha tocando, na farmácia, lá está ela de novo, embalando os nossos sonhos de natal. O meu sonho de natal  é que ele passe logo e acabem aquelas festas infindáveis e nostálgicas que todos da família têm que participar pois é Natal. E Natal é festa de família. Aí junta todo mundo e fica ali  comendo aquela farofa ressecada, o peru da Sadia que já vem temperado, ou seja  o natal de todo mundo tem o mesmo sabor. Maionese, salpicão, arroz à Grega (pode colocar tudo: cenoura, bacon, milho, ervilha, azeitona, maçã, uva-passa e tudo mais que couber na vasilha). Ainda não sei porque deram esse nome, devia se chamar arroz de Natal. Graças à Deus a gente só come uma vez por ano. E os “champanhes”, também conhecidos como cidra,  para estourar à meia noite. Dependendo da qualidade, tá garantida a ressaca do outro dia. Pior de tudo são os próximos dias que você continua comendo aquela comida requentada. E acontece o milagre da transformação, o peru vira farofa, o arroz à grega vira bolinho, a farofa vira croquete, o salpicão com um reforço é ressuscitado. Haja imaginação!

E aquelas frutas que acho que  nascem só  no natal: ameixa, nêspera, figo, lichia, .  Pra enfeitar a mesa e depois ficar todo mundo comendo para desencargo de consciência, inclusive para tentar esquecer que comeu uma lasca daquele pernil gorduroso assado (que esqueci de citar) assado na padaria porque é tão grande que não cabe no forno de casa.

Amigo oculto, no mínimo quatro  para quem é minimamente sociável. O da empresa, dos amigos, da família e até alguns inventados recentemente, amigo de chocolate, amigo de sei lá o quê. Já tem até amigo oculto virtual, estou participando de um, é legal.  A entrega também podia ser virtual.

As lembrancinhas, ai meu Deus, todo ano eu falo: dessa vez não vou dar presente para ninguém! Mas como?  têm umas pessoas que não tem como não dar a lembrancinha  e outras você tem que retribuir, aquelas que você ganha inesperadamente e corre  para o shopping pra comprar e  retribuir. Não que eu não goste mas é que não estou podendo. E o famoso repasse! Tem gente cara de pau que aproveita o que ganhou e passa pra frente. Já ouvi falar do caso de um desatento que devolveu o presente pra pessoa que o presenteou.

No mais, o Natal é lindo, é o nascimento do Menino Jesus que veio ao mundo para nos salvar. Pena  que é só é lembrado no presépio que fica no canto da sala com as luzinhas piscando dia e noite até o dia 6 de janeiro, dia de Reis.  Aí começa uma outra  parte da história e do ano que nessas alturas já é novo. Mas sobre isso, eu volto pra falar depois.

Um Feliz e rápido Natal pra todos!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

HIPOCONDRIA


HIPOCONDRIA

Ontem minha irmã me ligou pra botar a conversa em dia, tinha pelo menos um mês que a gente não se falava. Aí ela me perguntou “e a mão melhorou”? Hã?
Não me lembro mais quando foi que minha mão deu defeito, sei que depois disso já torci o pé, tive que usar muletas que me causaram uma entorse no ombro esquerdo e que de tanto ser poupado acabou sobrecarregando o ombro direito no qual acabei tendo uma tendinite. É assim a vida de qualquer hipocondríaco que se preze. Cada dia é uma coisa, eu já tenho até vergonha de reclamar. Quando alguém me vê com cara de coitada e pergunta, você está sentindo alguma coisa, eu digo: não é “veiêra”-coisas da idade avançada.

Essa epopeia eu chamo de dor itinerante, ainda bem que cada dia ela tá num lugar. E também devo confessar que me sinto até um pouco aliviada, dizem que depois dos 40 se a gente acordar e não sentir nenhuma dor é porque tá morto. Eu sei que tem toda uma questão psicológica nessas “doenças”, tanto sei que passei minha vida inteira tentando não ser igual à minha mãe que é ”doente” desde que eu me entendo por gente.

Nos últimos 4 meses devo ter ido ao médico umas 8 vezes, 3 consultas normais e  5 PA’s (Pronto Atendimento). Primeiro foi uma infecção de garganta que virou uma sinusite e depois uma amigdalite e por fim uma alergia. Isso: alergia! Quando consegui marcar com o otorrino com o qual estou acostumada, pensei: agora ele vai fazer o exame e vai perceber o quanto o problema é sério. “Olha, seu exame está ótimo, nada que um bom antialérgico e um spray nasal não resolvam”. Saí Dalí já decidida a marcar um outro médico da minha confiança, aquele já não me servia mais.

Com sorte, marquei o outro médico  para quase um mês depois, porque agora é assim, tá pior que SUS.Os sintomas continuavam e eu sabendo de casos de Linfoma não Hodgkin e que as pessoas começaram com os mesmos sintomas . Eu tinha certeza que tava com câncer. Meu Deus nem precisava ser médico pra descobrir, eu sentia a mesma coisa que as pessoas que tinham sido diagnosticadas. Aí a cabeça começa a trabalhar: será que vou ter que fazer cirurgia, quimioterapia, radioterapia, já me imaginava careca usando perucas e turbantes, e se eu morrer?  Não, tô muito nova. Não vai ser nada, é coisa da minha cabeça doente, doente, doente, doente.

Sofrendo crises de ansiedade esperei o dia da consulta. Era o dia da verdade, o diagnóstico seria preciso. Quando entrei no consultório do médico desfiei um rosários de reclamações, disse que estava doente há 4 meses, falei dos sintomas todos, da falta de um medicamento que resolvesse. Ele me mandou deitar na maca e começou aquele exame básico, mediu a pressão, essa nunca me preocupou é ótima.Pelo menos alguma coisa tem que funcionar bem, acho que é a única! Quando começou a auscultar meu pulmão, respira, inspira, respira, inspira. Você tem sentido dor nas costas? Sabia, ele tinha achado alguma coisa, devia ser um tumor. Respondi que às vezes e ele, “é mas o pulmão tá limpinho”. Merda, que alívio!

Pode vestir a blusa e sentar na cadeira. Ele lá fazendo mil anotações, cara séria, pensei, agora vai dar o diagnóstico, deve ser outra doença grave que eu nem imaginava.”Olha, seu exame está ótimo”. Vou te passar um outro antialérgico que deve ajudar. No mais é você diminuir o ritmo de trabalho, procurar fazer as coisas que gosta, viajar, etc.etc.etc. Tudo que eu nem a maioria dos pobres mortais pode fazer. Saí de lá ARRASADA, REVOLTADA. Mais uma decepção com outro  médico em quem eu confiava tanto. Decidi não voltar mais lá. Ah! E ele só me passou um pedido de exames de sangue porque eu insisti muito.

Agora tô mais tranquila, acho que  no momento não estou com nenhuma doença grave. O negócio é continuar tomando meus remedinhos controlados para mulheres descontroladas. Tomando um analgésico aqui, um antiácido ali. Vendo o que tem de novo na indústria farmacêutica. Experimentando e trocando ideias com meus amigos que me e entendem do assunto como eu.

É importante lembrar que existem vários tipos de hipocondria. Cada um sabe do seu. Podem  me chamar de hipocondríaca e eu assumo que sou mas quando alguém precisa vem logo me perguntando, você tem um remedinho pra dor de cabeça aí?  Eu saco logo a minha “Farmapocket”, farmácia de bolso, e ofereço pelo menos três tipos de analgésicos. Que a vigilância sanitária não me ouça.

Esses foram só os episódios mais  recentes porque tenho muita história pra contar. Umas até engraçadas, pelo menos agora eu acho graça. Quem já leu a Síncope, que também está nesse blog, sabe o que pode esperar.. A próxima que vou contar é sobre a panela de pressão que explodiu e me queimou toda. Graças a Deus a história teve final feliz, ou eu não estaria aqui contando a história.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Banheiro Coletivo



Banheiro coletivo

Tem coisa pior que você entrar num banheiro e se deparar com aquele cheiro de urubu morto? Algum infeliz acabou de fazer o número 2. Para quem não sabe é uma maneira menos nojenta de dizer defecar, “bater um barro” fazer cocô , cagar. Antigamente o pessoal falava “dar um telefonema”, “passar um fax”. Com essas tecnologias ultrapassadas imagine só dizer : vou ali twitar.  O fato é que ao se deparar com a situação o autor, na maioria das vezes anônimo é xingado e excomungado. Uma alternativa se você for do tipo rapidinho é prender a respiração, se não der, respirar pela boca também pode ser uma saída. Aí quando a história muda, “um dia pedra outro dia telhado”. Você entra no banheiro bem sorrateiro e espera que ninguém te veja e dá  aquela aliviada.
Sabendo que tem gente nas “casinhas” ao lado, fica despistando com a descarga para disfarçar  aqueles barulhos característicos que denunciam o ato. Quando era aquela descarga de pressão era melhor, agora com essa descarga que sai um pouquinho só de água e nem faz barulho, perdeu-se um bom aliado. Quando dá tempo você tenta  limpar minimamente a tampa do vaso com papel higiênico. Quando tem. Porque convenhamos, cagar em pé é uma merda. Aí, depois da sujeira feita você fica ali quietinho, ouvindo o abrir e fechar de portas para aproveitar e tentar sair anônimo. Tem sempre aquele chato que fica ali na frente do espelho ajeitando o cabelo, escovando os dentes e nem aí para o fedor. Parece até que sente prazer em ficar inspirando o cheiro da cagada alheia. Você olha por baixo da porta e nada, o sujeito continua lá. Nessa altura do campeonato você já se condenou e se sair, vai logo ser denunciado. Minutos depois, que parecem horas, o infeliz vai embora, você aproveita, lava a mão depressa, se é que lava, e sai disparado. De repente dá de cara com uma pessoa  entrando e fala: alguém entrou aí e fez um estrago no banheiro, eu se fosse você procurava outro. Povo sem educação,essas coisas a gente faz em casa! Uma boa alternativa para os cagões itinerantes é ter sempre uma caixinha de fósforo em mãos. Quando começar o serviço vai riscando e deixa queimar até acabar. Não é que funciona! Só é preciso ter cuidado pra não incendiar o banheiro. Outro dia passei o maior aperto pois joguei o palito acesso na lixeira e o fogo surgiu intenso. Consegui apagar ficou um  cheiro de papel queimado e meu coração disparado por um bom tempo. Imagina se é naqueles locais que têm um sensor de incêndio no teto e qualquer fumacinha dispara o alarme e começa a jorrar água pra todo lado. No  outro dia manchete de jornal de R$0,050: “Cagão incendiário preso em Flagrante”.  

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eu e o santo

Eu e o Santo

Vou contar uma história antiga, da minha adolescência, nem tão antiga,  que me veio à mente. No mês de junho são  comemorados dias de vários santos. São João, São Pedro, Santo Antônio, esse, o personagem principal dessa  história.

Fui criada dentro dos preceitos da religião católica e por isso cresci ouvindo falar dos santos  seus talentos e  funções.  Cada um resolvendo problemas de suas áreas específicas. Como os médicos em suas especializações. O fato é que tem santo pra tudo. Santo das causas impossíveis, das causas perdidas, dos endividados e até dos encalhados. Esse, coitado, não anda dando conta de tanto pedido. É mulher desesperada pra todo lado. Todas querem encontrar um homem que seja bom, honesto, trabalhador, homem! Bonito nem precisa ser. Até porque aí já é exigir demais do santo. Se “funcionar” direitinho tá ótimo, porque ultimamente ta difícil viu!  

O fato é que Santo Antônio foi o meu escolhido por suas habilidades em juntar pessoas. Tudo bem que uma vez comprei uma imagem de santo Expedito achando que era Santo Antônio, o sujeito que me vendeu , percebendo o desespero imaginou que eu não ia mesmo notar a diferença. Só descobri depois de muitos dias fazendo novena e acendendo vela pra santo errado. Mal não fez mas, atrasou bastante minha encomenda.  Antes tivesse extraviado, igual mala em aeroporto , daquelas que a pessoa perde pra sempre. Ai que inveja!

Uma vez, resolvi acender uma vela para o santo escondido da minha mãe que vivia brigando porque eu queimava todas as velas e quando faltava luz, ficava todo mundo no escuro. Pensei em todas as possibilidades e acabei optando por acender a vela atrás da cortina do meu quarto. Não precisou mais que um ventinho para cortina voar e voltar roçando a vela. Eu acendi a vela e sai pra fazer outras coisas. Só me dei conta quando comecei a sentir o cheiro de tecido queimado. Não sobrou nada, só o trilho. Desnecessário dizer que quase fui expulsa de casa  pela minha mãe e fiquei vários dias ouvindo ela contar a história pra todo mundo e aproveitar pra me xingar mais.

O fato é que, como toda mocinha romântica, vivia pedindo ao santo um amor sincero e pra vida toda. Ser feliz para sempre. Quanta ingenuidade!  Acho que o santo não entendeu bem o meu pedido, só entendeu o para sempre  e me colocou numa fria. A partir daí cortei relações com ele e disse que só retomaríamos nossa amizade quando ele desfizesse a merda que fez. Foram 16 anos, penso que ele não fazia muita questão da nossa amizade. Tudo bem que teve uma época, quando a coisa ficava pior, como se fosse possível, eu dormia abraçada à imagem dele que tinha no meu criado. Chorava e conversava a noite toda. Assim, não aguentando mais o meu “apego “  ele, resolveu me ajudar e, com muito custo e desespero meu, desfez o mau feito.

Depois dessa longa temporada de brigas e discussões, estamos bem. Prometi a ele que enquanto me mantiver a salvo de uma nova cilada todo ano no seu dia, comemorado em 13 de junho, faço um caldeirão de canjica e distribuo  onde estiver, geralmente no trabalho,  divulgando que é em sua homenagem. As moças se fartam de tanto comer. Os homens, alguns descrentes, comem sem vacilar. Outros mais prevenidos ou traumatizados, preferem não dar moleza para o azar. É sempre uma grande festa. Continuo cumprindo minha parte no trato.

Ah! Esqueci. Também rezo um terço para reforçar a promessa. Vai que...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Piriri Gangorra

Piriri Gangorra

Diarreia (“evaquações frequentes e líquidas...”), disenteria (“inflamação do intestino e evacuações resultantes”), caganeira (igual a diarreia) e,  pra quem nunca ouviu falar, “Piriri Gangorra” (quando uma pessoa vai e volta, vai e volta do banheiro). Essa expressão é usada quando uma pessoa entra em estado de quase diluição.  Nessas horas a vontade  é poder reclamar como sempre que a “coisa tá dura”. Nesse caso, a coisa tá é  mole, quase  líquida. A pessoa passa o tempo todo , como já dito, indo e voltando do banheiro. Ás vezes não chega a completar o ciclo, quando tá voltando tem que dar meia volta e ir de novo.

Esse relato não é resultado de nenhuma pesquisa científica, é totalmente  empírico.  Uma pesquisa de observação, atuação e sensação. Tenho certeza que muitos de vocês vão se identificar e os mais sensíveis até reviver a emoção. Sem contar aqueles em que já coisa ficou crônica.  De tempos em tempos passa de novo pela aventura e emoção. Esse tipo já é quase profissional. Anda com rolo de papel higiênico no carro, lenço descartável na bolsa, comprimido de Floratil (os mais hipocondríacos) e uma boa desculpa na ponta da língua pra quando tem que sair correndo de algum lugar.

Geralmente começa assim, você tá na rua, no carro, no elevador, em qualquer lugar onde não exista um banheiro próximo. De repente sua barriga começa a fazer aqueles barulhos estranhos e uma dorzinha fina se manifesta. Num primeiro momento você não se preocupa, acha que podem ser alguns gazes pedindo passagem. Passou. Não os gases, a sensação!  Alguns instantes depois volta e aí já começa a incomodar e preocupar. Você pensa: “será que comi alguma coisa diferente, estragada que possa me ter feito mal”? Essa preocupação é logo substituída por um certo desespero pois a dor vai se intensificando e a vontade de “defecar” vai aumentando. O raciocínio é rápido, onde tem um banheiro, como chegar mais rápido e se não der tempo, vou sujar as calças, como vou embora pra casa?

Momento controle total: você respira fundo e agradece a Deus, passou. A alegria dura pouco, vem uma nova onda e dessa vez mais forte e você pensa: agora não tem jeito, vai sair, vai sair, passou. Nesse meio tempo é claro que você não está parado, já definiu o local do seu “desmanche”. Os esforços estão todos direcionados para atingir o alvo, o vaso. Pra isso é preciso  conseguir chegar a tempo. Eis que cruza o seu destino uma dama chamada “Lady Murph” , quando ela aparece, já sabe, tudo pode dar errado, e dá. O sinal não abre, não tem vaga pra estacionar, o elevador está 20º andar, entra uma velhinha na sua frente sem nenhuma pressa e querendo puxar conversa. Você tem a sensação de que o menor esforço, até para pronunciar uma palavra pode ser fatal. Você continua rezando em pensamento e concordando com a velhinha apenas com um sorriso ensaiado nos lábios para poupar qualquer esforço desnecessário.

Termina a viagem que parecia não ter fim e você procura a chave loucamente, quase arranca a porta a pontapés, já entra em casa  desembestado já tirando o sapato, a roupa, qualquer coisa que possa impedir você de chegar ao clímax. Enfim, ufa! Que sensação boa, é uma descarga acumulada e reprimida que desce água abaixo e você num momento de total falta de pudor, se desnuda (a calça já levou uma rajada mesmo) , se  solta, se liberta de tudo  que  não te pertence, se liberta daquilo que pesava, doía, te enfezava.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Exame de Fezes, quem nunca fez!

 Exame de fezes, quem nunca fez!

Preciso relatar meus sentimentos. Acredito até que isso é uma catarse. Sempre tive muitos problemas com os tais excrementos. Provavelmente, de acordo com Doutor Freud, devo ter alguma questão mal resolvida com a fase anal. Para mim fazer exame de fezes é uma situação no mínimo constrangedora e me sinto sinceramente humilhada. Toda vez que o médico pede aquela batelada de exames, fico rezando pra ele não pedir o malfadado exame. Digo que está tudo bem, o intestino é ótimo, funciona perfeitamente e, nada. Lá vem ele pedindo o exame.
Meu sofrimento começa imediatamente. Primeiro passo, providenciar o recipiente que pode ser de graça no laboratório ou comprado na farmácia. Não sei por que mas a atendente sempre pergunta “é do laboratório ou da farmácia”? Não sei se isso pode me tirar pontos na “prova do cocô”. Concluída essa parte, hora do jejum, não pelo dito cujo mas, pelo exame de sangue, ou alguém já ouviu falar em pedido só de exame de fezes? Ele vem sempre acompanhado de urina, sua parceira inseparável e daquele monte de tubinhos de sangue que vão retirando da veia da gente. Tirando os nomes esquisitos, todo mundo conhece o famoso “Hemograma”. Voltando ao jejum, é só falar que tem que fazer jejum que bate uma fome louca e descontrolada dá vontade de comer até sanduiche de jiló com catchup.

Depois da noite mal dormida por causa do estômago roncando, é a hora da incerteza: será que sai ou não sai. O negócio é sentar no vaso e tentar relaxar. Depois de algum tempo você percebe que vai rolar. Aí faz aquela força danada e sai literalmente, aquela merdinha de nada e quase cai fora do pote, até porque cú tem olho mas,  não tem mira. Feita a cagada, é hora de embrulhar pra levar ao laboratório. Tem gente que coloca naqueles pacotinhos de pão, outros em sacolinhas plásticas e os mais exibidos (porque conseguiram fazer um cocozão) levam na mão, achando a coisa mais natural do mundo andar com aquela coisa  como se fosse um troféu.
Quando entro no laboratório, meus potinhos embrulhados no pacote de pão e depois na sacolinha plástica, pra não ter perigo de derramar, está dentro da bolsa que  procuro manter longe do corpo e dos olhos (“o que os olhos veem o estômago não sente”), tento não lembrar que está ali. Tamanho é o meu desespero pra me livrar daquela “bomba” (pra mim é isso mesmo, uma bomba que pode explodir a qualquer momento, imagina o estrago, eca!!!). No elevador se tem mais gente que vai descer no laboratório saio correndo e empurrando pra ser a primeira a ser atendida.
Depois de pegar a senha, fazer a ficha que parece levar uma eternidade, espero me chamarem com aquilo ainda na bolsa. Antes a gente entregava a atendente no balcão, era bem constrangedor. Agora a gente entrega lá dentro para a pessoa que vai coletar o sangue, eles colocam etiqueta com o nome da gente pra não misturar com outras bostas. O processo é bem mais discreto mas, não menos nojento. Fico louca pra levar logo uma agulhada e mudar meu foco daquele sofrimento.Esse momento pra mim é de alívio e felicidade, é o da despedida daquilo que não me pertence mais. Estou livre, me sinto mais leve. Afinal a coisa  vai se transformar num pedacinho de papel com escritos que só o médico vai decifrar e que eu vou fazer questão de esquecer.
Só agora eu entendo aquela brincadeira que todo mundo faz quando a gente tá bem arrumada. “Aí, foi fazer exame de fezes né”? Essa é a forma que a gente encontra de demonstrar altivez e orgulho no  momento que descobrimos que na merda, todo mundo é igual.