quarta-feira, 27 de abril de 2011

Exame de Fezes, quem nunca fez!

 Exame de fezes, quem nunca fez!

Preciso relatar meus sentimentos. Acredito até que isso é uma catarse. Sempre tive muitos problemas com os tais excrementos. Provavelmente, de acordo com Doutor Freud, devo ter alguma questão mal resolvida com a fase anal. Para mim fazer exame de fezes é uma situação no mínimo constrangedora e me sinto sinceramente humilhada. Toda vez que o médico pede aquela batelada de exames, fico rezando pra ele não pedir o malfadado exame. Digo que está tudo bem, o intestino é ótimo, funciona perfeitamente e, nada. Lá vem ele pedindo o exame.
Meu sofrimento começa imediatamente. Primeiro passo, providenciar o recipiente que pode ser de graça no laboratório ou comprado na farmácia. Não sei por que mas a atendente sempre pergunta “é do laboratório ou da farmácia”? Não sei se isso pode me tirar pontos na “prova do cocô”. Concluída essa parte, hora do jejum, não pelo dito cujo mas, pelo exame de sangue, ou alguém já ouviu falar em pedido só de exame de fezes? Ele vem sempre acompanhado de urina, sua parceira inseparável e daquele monte de tubinhos de sangue que vão retirando da veia da gente. Tirando os nomes esquisitos, todo mundo conhece o famoso “Hemograma”. Voltando ao jejum, é só falar que tem que fazer jejum que bate uma fome louca e descontrolada dá vontade de comer até sanduiche de jiló com catchup.

Depois da noite mal dormida por causa do estômago roncando, é a hora da incerteza: será que sai ou não sai. O negócio é sentar no vaso e tentar relaxar. Depois de algum tempo você percebe que vai rolar. Aí faz aquela força danada e sai literalmente, aquela merdinha de nada e quase cai fora do pote, até porque cú tem olho mas,  não tem mira. Feita a cagada, é hora de embrulhar pra levar ao laboratório. Tem gente que coloca naqueles pacotinhos de pão, outros em sacolinhas plásticas e os mais exibidos (porque conseguiram fazer um cocozão) levam na mão, achando a coisa mais natural do mundo andar com aquela coisa  como se fosse um troféu.
Quando entro no laboratório, meus potinhos embrulhados no pacote de pão e depois na sacolinha plástica, pra não ter perigo de derramar, está dentro da bolsa que  procuro manter longe do corpo e dos olhos (“o que os olhos veem o estômago não sente”), tento não lembrar que está ali. Tamanho é o meu desespero pra me livrar daquela “bomba” (pra mim é isso mesmo, uma bomba que pode explodir a qualquer momento, imagina o estrago, eca!!!). No elevador se tem mais gente que vai descer no laboratório saio correndo e empurrando pra ser a primeira a ser atendida.
Depois de pegar a senha, fazer a ficha que parece levar uma eternidade, espero me chamarem com aquilo ainda na bolsa. Antes a gente entregava a atendente no balcão, era bem constrangedor. Agora a gente entrega lá dentro para a pessoa que vai coletar o sangue, eles colocam etiqueta com o nome da gente pra não misturar com outras bostas. O processo é bem mais discreto mas, não menos nojento. Fico louca pra levar logo uma agulhada e mudar meu foco daquele sofrimento.Esse momento pra mim é de alívio e felicidade, é o da despedida daquilo que não me pertence mais. Estou livre, me sinto mais leve. Afinal a coisa  vai se transformar num pedacinho de papel com escritos que só o médico vai decifrar e que eu vou fazer questão de esquecer.
Só agora eu entendo aquela brincadeira que todo mundo faz quando a gente tá bem arrumada. “Aí, foi fazer exame de fezes né”? Essa é a forma que a gente encontra de demonstrar altivez e orgulho no  momento que descobrimos que na merda, todo mundo é igual.

4 comentários:

  1. Essa eu mesma vou comentar! Tem um tempão que fiz essa crônica e hoje relendo fiquei surpresa. Achei muito engraçada e ri demais. Aí me dei conta que o nome do meu blog não podia ser outro. "Rir da Vida"

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  2. O mais engraçado de tudo é que a única pessoa que interage comigo nesse blog sou eu mesma.
    ha ha ha ha...

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  3. Ivanete,ri de mais lendo sua crônica,voce continua a mesma,simplesmente sensacional minha professora eterna....posso so parabeniza-la.... felicidades pessoa inesquecivel.

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  4. Cheguei a essa crônica ao ser questionado por um colega de trabalho sobre o porque todo mundo diz quando se está arrumado se a pessoa vai fazer exame de fezes? E essa crônica é a realidade da grande maioria, ri bastante e parabenizo pelo belo trabalho .

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